domingo, 22 de novembro de 2009

A Origem do Blog "Memórias da Freguesia do Rêgo"

... de como o Inventário de Coisas Antigas vem dar voz ao testemunho de Ambrósio Lopes Vaz que através de pergaminho de seu nome blogue da televisão relata as mui sofridas misérias por que passou há cerca de setenta anos no reyno de Portugal e por nos paresser verdade e para que possa sua voz ser escutada por todolos e todalas cujo maior sarillo será porventura o de saber como iram pagar as prestações da viagem a Punta Cana aqui he transcrição de suas mesmas palavras: 

"O indigente era considerado escravo com direito á vida, perante as autoridades policiais da aldeia (regedor e cabos de secção) ele não tinha nenhuns direitos era vigiado.por as ditas autoridades.Foi isto o que aconteceu á minha família e a outras da aldeia . fomos considerados indigentes.

Vou contar alguns casos da minha infãncia.Mas antes de o fazer vou idenficar a aldeia e a familía .Chamo-me Ambrósio Lopes Vaz, nasci no lugar de Vila-Boa,freguesia do Rêgo,concelho de Celorico de Basto,numa pequena casa de telhado de colmo com uma unica divisão, onde nasceram dez filhos .

A casa não tinha chaminé,nem janelas,só mais tarde é que foi aberto um postigo,o fumo saía pela porta da entrada,o chão da casa era de terra ,como não havia latrina e havia só um penico e as diarreias eram constantes ,as necessidades eram feitas dentro de casa,a minha mãe cobria com cinza as fezes e depois raspava o chão  com uma sachola, para apanhar as fezes. 

Dentro de casa, por baixo da maceira onde se amaçava o pão, existiam capoeiras de galinhas e casota de coelhos, dentro da casa, havia duas camas, separadas por um pequeno taipal, mas isso não evitava que eu tomasse conhecimento das relações sexuais dos meus pais. O nascimento dos filhos era feito junto á lareira, a minha mãe deitava-se no preguisseiro e os filhos ao nascer, caiam nuns farrapos e a seguir a minha mãe cortava a invigueda e lavava a criança e os panos eram lavados e guardados para o próximo nascimento .Nós só assistiamos aos nacimentos se fosem á noite ou se chovesse, caso contrário o parto era feito á porta fechada. 

A nossa alimentação, era apenas caldo e por vezes era só uma tigela, porque quando  pediamos a nossa mãe, mais uma malga de caldo, não havia, Ela dizia: o resto que está no pote, é para o pai,que vai ganhar a jorna. No inverno a sopa era feita de labrestos, porque não se arranjava couves.

As doenças eram frequentes,sarampo,sarna etc.Não havia higiene,nem limpeza, os piolhos eram aos montes,por vezes eramos afectados pelas duas qualidades os do corpo e os da cabeça. As pulgas e os percevejos, eram aos montes, tinhamos o nosso corpo todo cravado de ferradelas.

A partir dos quatro anos, iamos  pedir esmola, pelos lugares da nossa freguesia e por outras. Duma vez eu andava a pedir e vi uma galinha com uma espinha de bacalhau na boca, que tinha tirada duma estrumeira e eu tirei-lhe a espinha, para eu comer, tal era a fome que eu tinha.,pois naquele dia, não tinha conseguido nenhuma esmola de pão, mesmo cheio de velore como era costume.O que havia em casa,para comer, era sempre sal num caixoto e nós comiamos o sal ás mancheias. 

logo, que tivessemos algumas forças e os nossos pais conseguissem arranjar amos para nos pôr a  servir, iamos servir, o primeiro ano, trabalhavamos só pela mantença e deveres, nos anos seguintes, ganhavamos a soldada e deveres.Como eramos menores,ainda crianças,quem  ajustava a soldada e os deveres, que os amos tinham que pagar, soldada no fim do ano e deveres durante o ano,eram os pais.
Andei a sevir na casa da laranjeira, lugar de Casadela, Fafe, na casa dos lopes do lugar de soutelo, Ribas, Celorico de Basto, casa do Albino Alves, lugar da Lameira, Rego- Celorico de Basto e casa das carreiras, Jugueiros, Felgueiras.

Aos 13 anos, vim servir para cidade do Porto e concelho de Matosinhos e entrei noutro tipo de escravidão. Éra vendido na feira como os animais e que eu tenha conhecimento, só havia feiras dos moços, nos concelhos do Porto e Matosinhos. (...)"
"(...)Todos os indigentes eram avisados por edital e como eram analfabetos o edital era lido na missa pelo Sr.Abade e dizia, que tinham que se apresentar na sede da junta para trabalharem de sol a sol , de graça e seco, sem qualquer alimentação (e isto nos dias grandes, que era para render mais),para darem .um dia de trabalho ao Estado para comporem os caminhos e quelhas. 

Os lavradores e caseiros, colaboravam com os carros puxados por vacas e por vezes zorras quando se tratava de pedras maiores e que eram partidas no monte . 

Os Indigentes apresentam-se aos cabos de Secção e estes chamavam pelo seu nome e os que faltassem e não justificassem a falta, eram enviados ao tribunal da comarca para serem condenados por não comparecerem. 

A condenação era baseada no imposto de trabalho.A jorna era de UM ESCUDO POR DIA quando tinham trabalho, mas, neste caso, tinham de trabalhar de graça e nem sequer a comida lhes davam,

Por essa falta ao trabalho, o tribunal condenava o faltoso a pagar ao Estado, DEZ ESCUDOS E CINCOENTA CENTAVOS, assim aconteceu ao meu avô e padrinho, Francisco Lopes Vaz, era manco e mesmo aleijado, e não podia trabalhar,as autoridades administrativas conheciam bem a situação do meu avõ , mesmo assim, enviaram o processo para o tribunal da Comarca, que o condenou a pagar 10$50. 

Tenho em meu poder, o original dessa condenação. " desenhos: Leonardo DA VINCI Publicada por gisela cañamero em 1:58 PM Etiquetas: os indigentes 

  Resolvi publicar nas Memórias do Rêgo estes meus comentários originalmente escritos sobre uma notícia da rtp, que foram transcritos para o blog de Gisela Cañamero pela própria, e que foram lidos pelo meu Amigo Dinis Carvalho que me alvitrou a escrever as Memórias do Rêgo.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Venda do Zé d'além

A Venda do Sr. José Alves Monteiro e da Sr.ª Florinda Nogueira, era a Venda mais antiga, a mais procurada e frequentada pelo povo da freguesia e pelos caminhantes que por ali passavam a caminho das feiras da Lameira e Fermil ou da feira de Carvalho e Cabeceiras de Bast, ou pelos romeiros que faziam grandes caminhadas, para cumprimento de promessas, e tinham de andar muitas léguas até chegar às capelas onde estavam as santas da sua devoção.

A localização da Venda, junto à Igreja paroquial e ao caminho principal que ligava as freguesias de Borba e Carvalho e concelho de Felgueiras, era passagem obrigatória.

A casa era composta por rés-do-chão e primeiro andar. A venda era situada no rés-do-chão, onde fazia de mercearia e taberna.

Ali se vendia de tudo: mercearia, vinhos, aguardente, petróleo, azeite, vinagre, bacalhau, etc... Até fazia de botica, vendia linhaça, mostarda, mercúrio, álcool e remédio para matar piolhos e percevejos. Embora o povo usasse remédios caseiros, precisava daqueles auxiliares, para colmatar as graves doenças, que muitas vezes atingia o povoado.

A venda era abastecida por mercadorias provenientes de grossistas que ficavam a muitas léguas de distância: Alto da Lixa, Amarante, Fafe e Guimarães. O transporte era feito pela égua castanha, que além de prestar aqueles valiosos serviços, fazia o serviço agrícola, puxava as alfaias e fazia mover o engenho de canecos para regar o campo em frente e o campo ao lado da venda.

Ao lado da casa, havia um grande largo com alguns carvalhos e grandes pedras assentes no chão, onde estavam cravadas várias argolas de ferro, para os caminhantes prenderem as vacas, o gado cavalar, as ovelhas, cabras etc., enquanto iam beber umas canecas de vinho e petiscar umas iscas, postas de bacalhau frito, ou umas lascas de bacalhau cru, acompanhadas com um naco de broa ou o celebre trigo de Padronelo de quatro cantos, que por vezes já tinha oito dias.

Junto ao largo, havia a casa do Sr. Alfredo do correio, que também era muito frequentada. (Falarei desta casa quando falar das profissões).

Aos negociantes de gado, homens endinheirados, era reservada uma sala no primeiro andar, onde eles petiscavam à sua vontade e acertavam as suas contas, sem estarem a ser vigiados pelos mirones da ralé.

Quem atendia aqueles senhores, era a senhora Florinda, que aproveitava para fazer outros serviços ocasionais. Porque ali era a sala onde se faziam as permutas.

Naquela sala, a um canto, existiam duas tulhas devidamente
compartimentadas, para receber milho, centeio, trigo, batata e farinhas ou outros produtos.

As pessoas levavam os taleigos cheios de cereais e ali eram medidos ou pesados, retirada a respectiva maquia, trocavam por farinha, outras vezes os produtos eram trocados por mercearia, arroz, macarrão, açúcar, café, vinho, azeite, bacalhau, etc...

O arroz, açúcar, macarrão, etc... eram ensacados nuns cartuchos feitos dum papel muito grosso e colados com cimento. Aquelas embalagens eram usadas em todas as vilas e cidades do país. Pagavam-se aqueles cartuchos colados com cimento, ao preço do artigo que se comprava. Mas estavam devidamente autorizados pela lei vigente.

Eu passei algumas vezes por aquela sala, quando ia trocar os maquieiros, que a minha mãe recebia, como paga do linho e lã que fiava, para os lavradores do lugar de Vilaboa. (Casas de lavoura, Catalão, Pocinhos, Pereira, Nunes, Tomada e Cunha)

Quando ia em dias de feira, eu via na sala aqueles senhores e o largo estava cheio de animais ali presos naquelas argolas.

A venda do Zé d’além nunca estava vazia. De manhã vinham homens e por vezes também algumas mulheres. ”matar o bicho,” com um copo de aguardente e um canto de trigo, ou um naco de broa que já traziam nos bolsos.

Os fumadores matavam o bicho e compravam um maço de cigarros “fortes velhos” que naquela altura custava dois tostões. Os mais endinheirados compravam a carteira dos cigarros “Definitivos” ou “Provisórios”

À tarde apareciam os viciados no vinho. Eram fregueses habituais. Na venda do zé d’além não havia fiados para borracheiras. Só eram permitidos fiados àqueles que tivessem bens ao luar.


                                        Com a devida vénia do Autor


Acontece, que todos se preveniam com os tostões no bolso, para pagar os cartilhos ou as canadas do vinho que iam beber. Já sabiam as regras da casa.

Aqueles que não conseguiam os tostões, levavam os bolsos da jaqueta cheios de ovos, que retiravam dos ninhos das galinhas, e a Senhora Florinda fazia a permuta.

O meu avô paterno, Francisco Lopes Vaz, como era um bêbado bem encascado, bebia umas boas canadas até ficar com a medida certa: Carraspana Completa. Suponho, ter sido ele, o melhor freguês de vinho e aguardente da venda do d’além naquele tempo.

O Sr. Monteiro contou-me, que, "quando o meu pai foi á inspeção militar, que se realizou em Celorico, que o meu avô o acompanhou e que no fim da inspeção, os pais e filhos, residentes na freguesia do Rego, todos foram beber e mastigar, mas o meu avô, negou-se a  fazer-lhe companhia. Disse: Só bebo, quando chegar á venda do Monteiro. Logo que entrou na venda, mandou vir um garrafão de vinho e umas lascas de bacalhau cru, começou a mastigar e a beber, ao fim de uma hora, o garrafão estava vazio." 

Todo o dinheiro que ganhava no arranjo de guarda-sóis, loiça partida, e fósforos que fazia clandestinamente, era para vinho. Quando acabava o dinheiro, pedia à minha avó. Se ela não lhe desse o dinheiro, levava uma grande tareia.

O meu avô ia de tarde para a venda e só vinha embora quando a taberna fechava ou quando já não cabia mais vinho no bucho.

Morava no lugar de Bolada. No trajecto do caminho até casa, fazia algumas paragens. A primeira era no cruzeiro, junto á residência do Abade José Gomes Júnior, sentava-se nas caleiras do cruzeiro e gritava: “Padres e Sapos é caçá-los e matá-los!”. Repetia aquelas palavras até o padre Gomes vir à janela.

Com os olhos fitados naquela janela, quando a via abrir, mudava de ladainha e no mesmo tom gritava: Viva o Padre-nosso. Viva o nosso padre!”. O Sr. Abade abria a janela e dizia: “Ó pistola vai embora! Não sejas malcriado! Eu mando-te prender!”. Fechava a janela e o meu avô voltava à primeira forma: “Padres e Sapos é caçá-los e matá-los!”.A srª Albertininha também o mandava embora, mas ele não ia.

O Sr. Albino do Bento (lavrador que morava junto à casa do padre) vinha avisar o meu pai daquilo que se estava a passar, e pedia-lhe para ele retirar dali o meu avô e levá-lo a casa, porque estava a tratar mal o Sr. Abade.

Quando a poça das lebandeiras estava cheia, como o caminho passava pelo meio da poça, não se podia passar, porque a água empossava até meio da quelha da Costinha, e o meu avô vinha para a nossa casa e dormia no preguiceiro junto à lareira.

Uma vez, o meu avô, quando vinha da taberna, em vez de seguir o caminho, entrou no portão do adro, que ficava a escassos metros da Venda, rodeado pelo lado de dentro, por duas grandes austrálias.


                                   A igreja, com o adro a fazer de  cemitério. 

Naquele tempo ainda não havia cemitério. Os mortos eram enterrados à volta do adro. Havia dois grandes portões muito altos, um em frente à torre e outro junto ao caminho do passal. Os portões costumavam estar fechados, mas naquela noite o portão de cima estava aberto. O meu avô vinha com uma grande touca e entrou pelo adro dentro, e, como o portão de baixo estava fechado, nunca mais atinou para sair do cemitério.

Agarrado ao cajado que era seu companheiro permanente, começou a tropeçar nas campas, tombou e ficou deitado sobre elas. Começou aos gritos, com aquela voz roufenha, própria daqueles borrachões empedernidos.

Entretanto, alguns companheiros que tinham ficado na venda ouviram os gritos desesperados, que vinham do adro e deram o alerta.

Sr. Joaquim Lopes de Carvalho (Joaquim dos Pocinhos), um homem muito corajoso que não acreditava em “lobisomens”, agarrou na sachola de crista e acompanhado com outros dois, entraram pelo adro dentro ao encontro daquela “alma penada”.

Quando o meu avô os viu, gritou: “Sou o Pistola! Não me matem! Tirem-me daqui!” O Sr. Joaquim dos pocinhos retirou-o do adro, que fazia de cemitério, levou-o para a nossa casa e contou aquela cena aos meus pais. Lá dormiu mais uma noite no preguiceiro.

Daquela família dos d’além, conheci três filhos: o Manuel, que estava numa Venda na Lameira, o Armindo, que casou com a Senhora Maria Joaquina que vendia trigo e o mais novo, José Alcídio Alves Monteiro.

Os dois filhos mais velhos tinham pouca apetência para o negócio. O Manuel  estava na venda do lugar da Lameira, abandonou o negócio e emigrou para o Brasil. O Sr. Armindo, como viveu com os pais muitos anos na Venda, também gostava de saborear o bom vinho e isso arredou-o das lides do negócio.

O filho mais novo José Alcídio Alves Monteiro, já nasceu talhado para o negócio. Ainda muito jovem, já era o braço direito dos pais. Ouvi algumas vezes elogios dos pais, que iam perdendo forças, devido à sua avançada idade.

José Alcídio Alves Monteiro, andou na tropa juntamente com o meu tio Armindo, que, apesar de ser mais velho, como era refratário, teve de fazer o dobro do tempo de tropa. O Sr. Monteiro era amigo dos Pistolas de Bolada e Vila Boa. Quando vinham passar o fim-de-semana a casa ou de licença vinham sempre os dois, eram muito amigos.


O meu tio Armindo Lopes Vaz

Quando acabou a tropa, os pais entregaram-lhe as rédeas do negócio. O largo desapareceu para dar lugar à construção duma ampla mercearia e mais tarde a casa em pedra que servia de dormidas.

Casou com a Senhora Gravelina, que morava no lugar de Pedroso. A nora seguiu os passos da sogra Florinda, foi uma excelente aprendiz e veio a ser o braço direito do marido na condução dos negócios da mercearia, que nessa altura era adega, mercearia, talho e drogaria.

Fundou a funerária de “José Alcídio Alves Monteiro”. A célebre égua castanha era o meio de transporte de todo o material para armar os velórios e vestir os “anjinhos” nas procissões.

Os caixões eram transportados por homens e por vezes por mulheres tanto para os lugares da freguesia como para outras freguesias, onde o Monteiro fizesse os funerais. O meu pai chegou a levar caixões a várias freguesias e também a ir buscar mercearia à Lixa, para a Venda do Zé d’além. Vinha carregado, caminhando por carreiros e caminhos até Vilaboa.

O Sr. Monteiro era um homem popular e muito conhecido na Vila e concelhos vizinhos.

Foi um grande amigo dos meus pais. Salvou o meu pai de se enforcar num carvalho em frente à casa de Júlio Alves da Mota, no lugar da Lameira, no dia em que o filho João Baptista Alves da Mota se ordenasse padre e celebrasse a sua primeira missa, por causa do Sr. Júlio Catalão se recusar a fazer a escritura da nossa casa para o nome dos meus pais.

O nosso casebre tinha paredes de meia acção com a cozinha da casa do Catalão, que era pertença do Sr. Manuel Alves da Mota e sua esposa Rosinha do Catalão.


A casa dos meus pais é  a parte que está recuada,  a outra parte, mais á frente, também coberta de colmo é a cozinha da casa do catalão.

Porém, nunca a nossa casa foi pertença da casa do Catalão, no entanto veio parar às mãos do filho, Júlio Alves da Mota, por um erro grave dos meus pais.

Aquele casebre pertencia à casa do Pereira, e foi comprada aos pais do Sr. António Pereira, Srs. Francisco Alves Pereira da Mota e esposa Claudina Lopes de Carvalho, pelos meus bisavós José Teixeira e Joaquina de Sousa, pelo preço e quantia de vinte mil reis, como consta do registo por Titulo Oneroso nº. 13, respeitante a Importância da Contribuição, Imposto de Viação e Selo, no total de um mil reis e 697 reais, paga em Celorico de Basto em 15 de Julho de 1878, como consta na Escritura celebrada pelo Padre da freguesia do Rêgo, Albino José Lopes de Carvalho

Foram testemunhas daquele acto, os lavradores, João Lopes de Carvalho Basto, Joaquim Lopes Cerqueira, ambos do lugar de Vila Boa e João Lopes Marinho do lugar da Costinha, todos da freguesia do Rêgo.

A dita casa veio a ser herdada pelos meus avós maternos, Avelino Alves Teixeira e Emília Alves Magalhães e mais tarde vendida aos meus pais em 02 de Fevereiro de1932

pelo preço de setecentos e sessenta escudos.

Acontece, que o meu pai tinha ficado isento do serviço militar e como tal, tinha que pagar a taxa militar até aos quarenta e cinco anos, mas nunca pagou. Passou a relaxo e se registasse a casa em seu nome, o estado ficava-lhe com ela.

A minha mãe, grávida de oito meses do segundo filho (Ambrósio), endividados para pagar a casa e despesas do processo de Escritura, não arriscaram em fazer a escritura da casa para o seu nome.

Como trabalhavam os dois na casa do Catalão, a minha mãe, criada da casa, e o meu pai, criado do filho Júlio, que era negociante de milho (o meu pai andava de casa em casa a medir o milho que o patrão comprava), pediram conselho ao patrão Júlio.

O patrão Júlio Alves da Mota, ainda moço solteiro, mas já com calo da vida como bom negociante que era, aconselhou os meus pais a fazerem a compra e pagarem todas as despesas, mas os vendedores meus avós, Avelino Alves Teixeira e Emília Alves de Magalhães fazerem a escritura em nome de Júlio Alves da Mota, e quando o meu pai fizesse 46 anos, o patrão Júlio passava a dita casa para o nome dos meus pais







Os meus pais aceitaram. Desde o dia do casamento que habitavam a casa. Andavam os dois a servir, mas à noite vinham lá dormir. Nasceu lá a 1ª filha Maria e passados 30 dias da celebração da escritura de compra, para o nome de Júlio Alves da Mota (01 de Março de 1932) nasceu o filho Ambrósio, Autor do presente blogue.

Entretanto, os anos foram passando. O patrão Júlio casou com a Senhora Emília Alves e deste casamento nasceram vários filhos, um chamado João Baptista Alves da Mota.

Quando o meu pai fez 46 anos, ano de 1954, pediu ao antigo patrão Júlio Alves da Mota para fazer o favor de passar a casa para o nome dos meus pais. O Sr. Júlio disse-lhe que ia pensar no assunto e depois dizia alguma coisa.

O tempo foi passando. O Júlio Catalão foi protelando e nunca mais se resolvia fazer a escritura da casa para o nome dos meus pais. Os meus pais iam ficando cada vez mais desesperados. Viam a casa que compraram com tanto suor e lágrimas, onde criaram os dez filhos, onde sempre viveram, ser-lhe retirada pelo seu antigo patrão.

Com efeito, ao fim de 18 meses de adiamento, o Sr. Júlio Alves da Mota, disse ao meu pai, que não fazia a escritura. Que o irmão António Alves da Mota, tinha interesse na casa, até porque tinha paredes de meia acção com a casa dos meus pais..

Foram 7 anos muito penosos para os meus pais e seus filhos. O meu pai desnorteou. Andava de cabeça perdida. Dizia “Como é possível trazer um filho a estudar para padre e ficar-me com a casa? No dia que o filho disser missa nova, enforco-me num carvalho em frente à casa do Júlio Catalão na Lameira!”. Tentei tirar-lhe aquela cisma da cabeça. Não consegui. Bem lhe falava que pôr termo à vida era contra a Lei de Deus. Ele não ouvia.

A minha mãe passava os dias a chorar. Escrevia-me a pedir ajuda. Avisava-me que se ia dar uma grande  desgraça. O nosso pai ia-se matar.

A minha mãe pediu ao Sr. Monteiro, (Zédalem) para falar com o Júlio Catalão e pedir-lhe para fazer a escritura e evitar aquela desgraça no dia da Missa Nova do Padre Baptista.

O Júlio Catalão acedeu ao pedido do Sr. Zé d’além, mas com a condição de mudar as confrontações a favor do irmão António Alves da Mota e a escritura foi celebrada nessas condições em 20 de Novembro de 1961.

João Baptista Alves da Mota foi ordenado padre no ano seguinte, 1962.

Acompanhei o Padre João Baptista Alves da Mota, desde criança.

Nos últimos dois meses de vida do avô dele, Manuel Alves da Mota, eu fui incumbido de, durante o dia, permanecer junto dele no seu leito, a fim de enxotar com um ramo de bucheiros as moscas que lhe pousavam na cara e de lhe molhar os lábios com um pano molhado a fim de lhe aliviar o sofrimento, porque durante o dia a esposa, Sr.ª Rosinha ia cultivar, tornar as águas, etc. para os campos dos castanheiros, que reservou aquando das partilhas com os três filhos, Emília Alves da Mota, Júlio Alves da Mota e António Alves da Mota.

Quando o avô morreu, o padre João Baptista veio para junto da avó, para lhe fazer companhia e ficar mais perto da escola, onde entrou passado um ano. Eu andava na segunda classe, quando ele entrou para a escola, e ensinei-lhe as primeiras letras.

Muitas das vezes, ele dividia comigo um pedaço de broa que a avó lhe dava e até a merenda.

Migrei para o Porto, mas não perdi de vista aquele meu conterrâneo na sua missão de padre e fiquei espantado com o carácter e acção deste homem como pároco, porque seguiu o evangelho de Jesus Cristo de perto e esteve sempre do lado dos pobres, tomando partido por estes, o que o levou a ter as suas missas vigiadas pela PIDE.

Se não tivesse surgido o 25 de Abril, não sei se o padre João Baptista Alves da Mota não teria entrado nas masmorras das prisões fascistas.

O Padre João Baptista é um Sacerdote totalmente diferente da esmagadora maioria dos seus colegas. Prestigia a sua Igreja.

Não tinha intenção de narrar aquele triste episódio que atingiu a nossa família, mas como narrei a venda do Zé d’além, aquele doloroso incidente, também está directamente ligado aquele grande homem, José Alcídio Alves Monteiro, a quem presto a minha homenagem, porque foi fundamental para resolver aquela situação tão delicada.

Ambrósio Lopes Vaz

sábado, 4 de abril de 2009

O amanho do linho por processos primitivos

A cultura do linho por processos primitivos

No lugar de Vila Boa, várias casas de lavoura semeavam linho, cito apenas os Lavradores, que faziam espadadas, onde se juntavam as criadas, jornaleiras, as filhas dos lavradores, vizinhos e lavradeiras, para espadar todo o linho num só dia, ou numa só noite. 

A maior parte das vezes, aquela tarefa era feita durante a noite.

Casas de lavoura, do Catalão, dos Pocinhos, da Tomada, dos Nunes de Baixo e de cima, dos Cunhas e  casa de lavoura da Claudina Pereira. 

A minha mãe, espadou e fiou linho e também carpiou e fiou lã, para as lavradeiras daquelas casas que citei.

A sementeira do linho era feita num campo de regadio e muito soalheiro.

Aquela planta para se desenvolver em condições naturais, precisava de muita humidade na raiz e muito sol no caule. O linho era semeado no mês de Abril.

A terra era amanhada, nos mesmos moldes da sementeira do milho. A estrumação da terra é que era diferente. Para a cultura do linho, era usado um esterco bem curtido e miudinho para se desfazer na terra. Quando era possível, estrumavam com estrume das cortes das ovelhas, gado cavalar e dos porcos.

Depois da terra pronta, faziam pequenas margens, separadas por regos, semeavam a linhaça, esgadanhavam a terra com um engaço de dentes de ferro, para a semente ficar coberta.

De seguida regavam a terra, com um pequeno pilheiro de água, de forma a entrar na margem em leque e não arrastar a terra, só molhá-la e o lavrador com a sachola de crista, batia os sítios mais altos, para ficar tudo plano.

O linho nasce e é regado três vezes por semana. Na rega, não se cava a terra, para abrir ou tapar os pilheiros da água, usavam vassouras de giesta ou bucheiros, que iam mudando de rêgo para rêgo e desta maneira aproveitam-se as sementes que nasceram nas bordas do rego, no qual semeavam o milho, chamado restivo, que só se desenvolvia depois de ser arrancado o linho.

Antes do linho florir, procedia-se á monda de todas as ervas daninhas, de forma a ficar só o linho.

Pela acção do Sol e a terra sempre húmida, o linho desenvolvia-se rapidamente e ficava todo florido com uma flor lilás.


Com a devida vénia do Autor


Nesta foto, deste campo de linho,, está o meu afilhado Ambrósio, filho do meu irmão Manuel, que muito gentilmente me cedeu a citada foto.

Quando a flor caía, no seu lugar apareciam pequenas bolinhas, onde se criava a linhaça, que além de semente, era usada como cura de doenças, dores de barriga, constipações, gripes, etc...


Depois das plantas ficarem maduras, o linho era arrancado com muito jeito, para não partir e deixado ás gabelas em cima da margem.

No fim da arrancada, a raiz era sacudida até largar a terra que ainda mantinha na raiz.

Depois, o linho era enfaixado em molhos, de maneira que a raiz ficasse toda para o mesmo lado.

A seguir, era transportado para a eira, onde era ripado numa alfaia de dentes de ferro, chamada ripador ou ripanço.




    Com a devida vénia do Autor
Este ripador, também chamado cedeiro, é pertença da casa de lavoura do Sr. Casimirinho da Venda, onde também cultivavam a sementeira do linho.
Casa de lavoura do Sr. Casimirinho da Venda

Depois de separada a baganha, era espalhada no ladrilho da eira, para secar e assim ser extraída a linhaça, para a futura semente e para fazer remédios e outras aplicações.

O linho era amarrado aos molhos e levado para o rio ou poços, onde ficava mergulhado debaixo da água corredia, com umas tábuas e pedras em cima, para se manter debaixo da água, durante dez a doze dias, até ficar curtido e largar todas as impurezas.

Ao fim daqueles dias, era retirado da água e estendido ao Sol até ficar completamente seco. Durante a secagem era virado várias vezes ao dia, com jeito para não partir as fibras.

Quando estava bem seco, era amarrado em molhos e transportado para a eira, para ser malhado ou maçado com um maço de madeira, até ficar em fibra.

                                                                                                         Com a devida vénia do Autor

Nalgumas freguesias, o linho era tratado para ficar pronto a fiar; num engenho, movido a água ou  movido por gado, onde o gado andava á roda num reduto, nos mesmos moldes, da nora de tirar a água para regar os campos.

No lugar de Vila Boa, era tudo feito á mão, desde a sementeira do linho, até se transformar em tecido. Mas alguns lavradores iam fazer esse trabalho ao engenho.

De seguida fazia-se a espadada, que normalmente era feita durante a noite.

                                   Com a devida vénia do Autor- cortiço, espadela e ripanço.

As mulheres espadavam o linho de pé. Cada mulher a dias, que ia espadar o linho, para as casas de lavoura, levava o seu cortiço e a sua espadela.  Á beira de cada mulher, era colocado um molho de linho, de onde tirava uma mão cheia de cada vez e a segurava na boca do cortiço, estendida na vertical, batia várias vezes com a espadela na paiha, até separar a casca e ficar apenas a fibra do linho, pronta para pôr na roca e fiar.

Quando a mão-cheia estava espadada, era passada no sedeiro, um instrumento de madeira, com dentes de ferro afiados, num lado, os dentes estavam mais juntos, no outro lado, estavam mais espaçosos. Na parte onde estão mais juntos, ao sedar, sai a estopa, na outra parte sai o linho.

A manada que fica pronta no sedeiro, chama-se estriga, era dado um nó a meio, metiam-nas em grandes sacos, dali iam para a roca, para serem fiadas.

A sedagem era para separar as fibras mais compridas das mais curtas. Todas as fibras eram linho, mas a estopa dá um tecido mais grosso. As fibras mais compridas, dão um tecido mais fino, chamado bragal.

A fibra que caía no chão, que saía da espadagem, chama-se tomentos e dá um tecido muito grosso, chamado burel, é muito difícil de fiar, devido aos restos da casca, que ainda contém e desse tecido grosso, faziam  camisas, lençóis, as capas de burel etc....

                          Com a devida vénia do Autor.          Capas de burel, usadas por mães e filhas

A fiação do linho, era feita á noite a seguir á ceia. Ali se juntavam as filhas, a criada e a patroa. Quando não havia filhas, o serão era feito pela ama e criada. A criada não podia ir para a cama, sem ter fiado pelo menos seis maçarocas.


Os serões ás vezes iam até altas horas da noite, e os moços solteiros, aproveitavam a noitada e vinham falar ás moças, como acontecia com as minhas vizinhas, filhas da Sra. Albininha do Catalão, Elvira e Arminda.

Os tomentos, estopa e algum linho, eram dados a fiar a fiandeiras, mulheres muito pobres, que aceitavam fiar doze meadas por meio quarto de milho. Cada meada levava doze maçarocas.

                                                             Com a devida vénia do Autor.

   Esta fiandeira está a fiar linho.                              

           

                                         Com  a devida vénia do Autor.

A medida da grossura de cada meada, era a meada preencher o espaço entre o dedo anelar e o polegar, dentro da mão fechada.

A minha mãe para conseguir acabar a empreitada mais depressa, ensinou as três filhas a fiar, a Maria, a Alzira e a Emília.

A minha irmã, Emília era a mais nova, com apenas seis anos, foi a que aprendeu mais rápido, tanto a fiar lã, como o linho.

Como era muito pequenina, e o chão da casa era de terra, a minha mãe fez um buraco no chão, enfiou lá o fuso para ele não fugir da mão, pegou-lhe na mão e ensinou-a, a torcer o fio e andar com o fuso á roda. As crianças também colaboravam na tarefa da fiação do linho e lã.

Como eu era rapaz, não fiava, tinha de enrolar as maçarocas no sarilho, para fazer as meadas. Quando acabava de enrolar a massaroca, a minha mãe vinha fazer a emenda do fio. Tinha de ser dado um nó de tecedeira. Aquele nó era especial. Se não fosse feito nó de tecedeira, o tecido ia ficar com defeito, e o futuro tecido, ficava com defeito e podia romper naquela emenda, com o nó de tecedeira, nem sequer se notava onde o fio foi emendado.

Acabada a empreitada da fiação do linho, a minha mãe entregava as meadas ás lavradeiras, e recebia os quartos de milho correspondentes ao trabalho.

De seguida as meadas eram lavadas com sabão, bem esfregadas e batidas na pedra do tanque

As meadas de tomentos e algumas de estopa, seguiam para o coradouro, onde coravam, e voltavam a serem lavadas.

Aquelas meadas, não iam á barrela, destinavam-se a fazer o chamado linho de pano-cru. Eram dobadas na dobadoura, e passadas para novelos, que ficavam prontos para a urdidura.

A barrela


As outras meadas, eram metidas num grande cortiço, tipo dorna, furado no fundo, chamado barreleiro, por cima de cada camada de meadas, era peneirada cinza, a ultima camada de meadas era coberta com um pano tipo filtro, por cima era peneirada cinza até ficar todo coberto.


                                                  Com a devida vénia do Autor

Durante três dias, votavam em cima do pano, potes de agua a ferver, que depois de atravessar as meadas, saia lentamente pelo fundo do barreleiro.

Eu era curioso e perguntava á Senhora Rosinha do Catalão, porque votava ali a água quente e cinza; – Ela dizia que era para curtir as meadas.

Acabada a barrela, as meadas eram novamente lavadas e postas no coradouro a corar, depois de coradas, eram colocadas na dobadoura e passadas para novelos.

As lavradeiras guardavam em sacos todo o linho em novelos, bragal, estopa e tomentos. Cada qualidade era pesada. O linho era vendido nas feiras, também em novelos e estrigas, a quem quisesse mandar fazer os seus enxovais directamente á tecedeira. 


Com a devida vénia do Autor

Só os grandes lavradores é que semeavam o linho, os pequenos lavradores e caseiros compravam o linho já em tecido, porque lhes ficava mais barato.



Nesta casa de lavoura do Sr. António Pereira no lugar de Vilaboa também se cultivava o linho e se espadava e se davam empreitadas as fiandeiras para fiar o linho



 tecido

Haviam no lugar de Vilaboa várias tecedeiras, entre outras, a esposa do Sr. António "Caramona" que era uma excelente tecedeira e fiandeiras de linho e lã. A minha mãe, era uma dessas fiandeiras, fiava linho e lã e fazia meias  e luvas de lã. Ainda tenho vários pares de meias, feitas pela minha mãe.

                  A minha mãe, Albertina Alves Teixeira, á porta da única entrada do nosso casebre.
                                                          

                                                                  Com a devida vénia do Autor.
Uma fiandeira a fiar lã.

Os sacos cheios de novelos de linho, eram entregues á tecedeira, para ela tecer a obra que se pretendia, de pano de estopa, linho ou tomentos, que como atrás descrevi, podia ser em pano-cru ou pano curado.

                                            Com a devida vénia do autor

A tecedeira preparava a urdidura e a teia, usando uma grande dobadoura, na qual passavam vários fios pela espadilha, da qual saíam os tomos da cruz do tear da parte de cima, e em baixo os tomos da cruz dos cadilhos. Trabalho Manual e muito cansativo.



                                                         Com a devida vénia do autor

As tecedeiras de teares manuais, faziam todo o tipo de tecido, liso, riscos ou quadrados, etc... Na freguesia do Rego, havia várias tecedeiras, que teciam o linho e lã. Havia pelo menos uma no rego, que tecia vários tipos de mantas e passadeiras, feitas de farrapo velho. O tear que tecia aquela obra, era diferente daquele que tecia o linho ou lã. Aquelas tecedeiras, também teciam pano para fazer cobertores e colchas de lã.


                                                               Com a devida vénia do Autor

Ao descrever estas memórias da freguesia do Rego, estou a utilizar as palavras que ainda me lembro, e que eram usadas pelas mulheres que espadavam o linho e que hoje saíram de uso, exemplo, espadar, espadada etc...

Na freguesia do Rego, também se faziam outras culturas, batata, painço, relva, centeio e trigo etc...O trigo e o centeio, eram semeados nas terras secas e não se faziam sachas, porque aquelas culturas não admitem tal processo, assim como na cultura do linho, relva e painço, apenas se faziam várias mondas, das ervas daninhas. 

Os trabalhos mais árduos, eram os das cegadas do trigo e centeio.

Narrei ao promenor,como se faziam as sementeiras do linho e do milho, na freguesia do Rego, por serem as mais trabalhosas e para que a memória não se apague e os jovens de hoje e os de amanha conheçam os trabalhos dos seus antepassados, na cultura do pão e sua vestimenta proveniente do linho.


                                                                 Com a devida vénia do Autor.

Ambrósio Lopes Vaz

  Caros amigos, amigas e seguidores do blog “Memórias da freguesia do Rego- Celorico de Basto”, comunico a todos que as “Memórias da fregues...